31 agosto 2008

Um..Vazio...]


Há dias que nascem ao contrário
Como se morressem nos primeiros raios de sol

Há dias que sangram em vez de
amanhecer dias que relutam em
despir o luto da madrugada

Pra se vestir de ocre e laranja
dias que desabrocham em quietude e solidão
No desaprender de esperar
Desas sosseguei mil manhãs nascidas

Ela[eu] acordou com o gosto do nada
Enxergando a sua vida em 8mm preto/branco
Toma café e percebe que tudo ali tem gosto
de sobra de vencido de velho

Vê que o papel de parede decorado
é mofo que as portas estão carcomidas
de paredes manchadas pela umidade
de camas geladas que parecem molhadas
e ouve as baratas dentro das gavetas

Ela[eu] sabe que é amanhã pode ser tarde

Ela[eu] sai pela porta e deixa a covardia
presa no banheiro junto coms eus anti-depressivos

Ela[eu] volta pra casa pela milésima
septuagésima terceira vez e
carrega os olhos repletos de des
expectativas inundados da ausência
dos espectros que aprendeu a
desesperar caminha lenta pelas
mesmas ruas encharcadas de
impossibilidades reflete-se nas
vitrines que lhe vêem passar só
e busca nos bolsos o calor
das mãos tão distantes

Ela[eu] anda como se soubesse do
rumo que há tanto deveria ter
tomado como se a estrada que a
levaria lá sempre tivesse estado
estendida na porta da sua casa
e seus passos são leves e rápidos
mais rápido e não tão leve um
coração descompassado
Há medo e angústia sensação
de nadar a favor e em favor de si

Ela[eu] dobra a esquina como
sempre e todo dia olha para
o chão ocupada com o piso
irregular e mais uma vez no
fundo nega a esperança torta
do que poderia ser desacreditando
do que será por ser demais

Ela[eu] caminha alheia a tudo de si
Esquecida do que é

Ela[eu] sorri tendo vontade de chorar
Fica pra depois dividir o sorriso
Assim inauguro-se, só mais um dia...
Renascendo à cada manhã
Num espaço desigual
O casulo em construção
Então

Respiro

Resguardo...

Paro

Reparo

E vejo

Sinto

Penso em voar
Mas antes de voar
Sinto a dor do crescer das asas
Depois da dor

Esquece como é andar

Não quero renascer a cada manhã ! ]


.............


2 comentários:

coizinha disse...

"respiro, resguardo, paro, reparo e vejo...sinto."

tuas palavras me traduzem por completo..
obrigada...

;)

Bárbara Fiz disse...

Olá,obrigada pelo seu comentário em meu blog e eu achei que a frase era de uma música chamada clarisse do legião urbana pois realmente é identica...
"respiro, resguardo, paro, reparo e vejo...sinto." adorei,traduz tudo que eu tenho vivido ultimamente além de tudo ficou parecido com "palavras souvenirs" de adriana calcanhoto ...
Um abraço.
volte sempre