26 outubro 2008

FLORBELA ESPANCA

Florbela Lobo veio ao mundo em Vila Viçosa (Portugal), na madrugada de 7 para 8 de dezembro de 1894. Era filha ilegítima de Antonia da Conceição Lobo e João Maria Espanca, assim como seu irmão, Apeles Espanca, nascido em 10 de Março de 1897. João Maria era casado com Mariana do Carmo Ingleza (madrinha de batismo de Florbela), mas neste matrimônio não houve filhos.
A infância de Florbela foi próspera e amparada pelo pai. Em outubro de 1899, começa a freqüentar o ensino pré-primário, passando a assinar Flor d'Alma da Conceição Espanca. O poema A Vida e a Morte, data de 11 de novembro de 1903. Ao que tudo indica, essa é sua primeira manifestação literária, que já anunciava a predileção dos temas que abordaria com mais profundidade no decorrer de sua vida.

Em junho de 1906, Florbela conclui a instrução primária, e em 1907 dá sinais de sua doença: neurastenia. Após a morte de Antonia da Conceição em 1908, toda a família muda-se para Évora, e João Maria estabelece-se com Mariana. A partir daí, Florbela e Apeles são criados pela madrasta, e prosseguem os estudos no Liceu André Gouveia.
Em 1911, Florbela inicia o namoro com Alberto de Jesus Silva Murtinho, seu colega de classe desde o primário. No ano seguinte, conclui o estudo secundário e apaixona-se por José Marques, desfazendo o namoro com Alberto, que viria a ser reatado tempos depois. Finalmente emancipada aos 19 anos, casa-se no Registro Civil de Vila Viçosa com Alberto Murtinho.

Apesar das restrições econômicas, o casal muda-se para Redondo na Serra D’ossa, em 1914. Florbela e o marido abrem um colégio. Foi numa festa onde seus primeiros versos foram lidos em público. No ano seguinte inicia o projeto Trocando Olhares, que seria concluído ao longo de um ano e meio, com trinta peças de sua vasta produção poética.

O soneto Crisântemo é publicado em 1916 na revista "Modas e Bordados". Florbela torna-se amiga pessoal da diretora, da qual passa a trocar correspondência. Alguns meses depois, passa a colaborar no "Notícias de Évora" e "O Século", desistindo do projeto Alma de Portugal.
Apesar de seus estudos e suas intenções estarem voltadas para as letras, Florbela matricula-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Financiada por seu pai, passa a residir nesta cidade em outubro de 1917. Em 1919, Florbela sofre um aborto involuntário e muda-se para Quelfes.

No dia 30 de abril do mesmo ano, separa-se de Alberto Murtinho e passa a sofrer a rejeição da sociedade de sua época. Posteriormente, retorna para Lisboa a fim de prosseguir o curso. Em junho, lança o Livro de Mágoas com a dedicatória: "Ao meu pai. Meu melhor amigo", e "À querida alma irmã da minha. Ao meu irmão". Em 1920, Florbela abandona a faculdade e inicia a obra Claustro das Quimeras, passando a viver em Matosinhos com o republicano Antônio José Marques Guimarães, casando-se em 1921.

De volta a Lisboa em 1923, publica o Livro de Sóror Saudade, e muda-se para Gonça, recuperando-se de um novo aborto. O casamento desgasta-se e Antonio Guimarães pede o divórcio, oficializado apenas em 1924. Por este fato a família de Florbela a ignora por dois anos, fato que a abalou muito.

Em 1925 Florbela muda-se para Esmoriz, e passa a viver na casa do médico Mario Pereira Lage, casando-se com ele no civil e na Igreja. Dois anos mais tarde, enquanto traduzia romances franceses e iniciava o conto O Dominó Preto, é avisada da morte de seu irmão, em 6 de junho de 1927. Apeles que tinha se tornado aviador, desesperou-se com a morte de sua namorada, e lançou-se de avião no rio Tejo. Este fato abalou profundamente a escritora, e a inspirou a escrever As Máscaras do Destino.

Enquanto seu casamento se desgasta, sua saúde torna-se cada dia mais frágil. Florbela tenta suicídio, e apaixona-se pelo pianista Luis Maria Cabral, a quem dedica Chopin e Tarde de Música.
Em 1929, sua participação no filme Dança dos Paroxismos é recusada pelo diretor Jorge Brum do Canto. Florbela retorna para Évora, onde em 1930 começa a escrever o Diário do Último Ano que seria concluído apenas em 2 de dezembro. Passa a colaborar nas revistas "Portugal Feminino" e "Civilização". De volta a Matosinhos, tenta suicídio mais uma vez.

Nos meses de outubro e novembro do mesmo ano, a neurose torna-se insuportável e é diagnosticado um edema pulmonar. Finalmente, na madrugada de 7 para 8 de dezembro de 1930, suicida-se ingerindo uma dose excessiva de Venoral. Porém, a causa oficial de sua morte foi o edema.

Florbela é a poetisa dos exageros emotivos e confessionais. Frases como "Eu quero amar, amar perdidamente!" são comuns em suas obras. Autora que manifesta uma expressão marcante dos próprios sentimentos, e um lirismo intimamente ligado à sua terra.

Florbela expõe em suas obras uma aparência parnasiana mais próxima dos escritores neo-românticos; além da liberdade e o erotismo conjugado com a própria vida. Autora de imagens fortes e verdades físicas chocantes com os valores de sua época, Florbela obteve reconhecimento póstumo. As publicações de suas obras só ganharam repercussão após o suicídio. Atualmente, é considerada uma das maiores poetisas de língua portuguesa em todos os tempos.

Por Spectrum


Obras Disponíveis:

Contos (Downloads)
Em busca de um novo rumo
O dominó preto

Poemas (Downloads)
Livro das Mágoas
Livro de Sóror Saudade
O Livro d'ele
Charneca em flor
A Mensageira das Violetas
Reliquiae





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3 comentários:

Amarísio Araújo disse...

Gosto muito da poesia da Florbela Espanca e fiquei feliz por encontrá-la aqui com a sua biografia.
Só posso agradecer-lhe por isso.
Parabéns pelo blog,muito bem feito,
com um ótimo e interessante conteúdo.
Um abraço.
Amarísio

Marcia Paula disse...

Ela tem coisas lindas.E muito femininas a ponto de parecer uma lésbica.Adoro.Beijos.

Anna Oh! disse...

Eu amoooo Florbela espanca! Aaaaaaaaaaaa, vou baixar tudtudotudo!

Bjusss