20 agosto 2008

NÃO EXISTE VERDADES ABSOLUTAS...


(...) Não há coisa alguma que persista no universo.

Tudo, flui, e tudo só apresenta uma imagem passageira.
O próprio tempo passa com um movimento contínuo, como um rio...
O que foi antes já não é, o que não tinha sido é,
e todo instante é uma coisa nova.

Vês a noite, próxima do fim, caminhar para o dia,
e à claridade do dia suceder a escuridão da noite...
Não vês as estações do ano se sucederem,
imitando as idades de nossa vida?
Com efeito, uma primavera, quando surge,
é semelhante à uma criança nova...
a planta nova, pouco vigora, rebenta em
brotos e enche de esperança o agricultor.

Tudo floresce.

O campo fértil resplandece com o colorido das flores,
mas ainda falta vigor às folhas.
Entra, então, a quadra mais forte e vigorosa,
o verão: é a robusta mocidade, fecunda o ardente.

Chega, por sua vez, o outono: passou o fervor da mocidade,
é a quadra da maturidade, o meio termo entre
o jovem e o velho; as têmporas embranquecem.

Vêm, depois, o tristonho inverno:
é o velho trôpego, cujos cabelos ou
caíram como as folhas das árvores, ou, os que restaram,
estão brancos como a neve dos caminhos.

Também nossos corpos mudam sempre e sem descanso...
E também a natureza não descansa e, renovadora,
encontra outras formas nas formas das coisas.

Nada morre no vasto mundo, mas tudo
assume aspectos novos e variados...

Todos os seres têm sua origem noutros sere.
Existe uma ave a que os fenícios dão o nome de fênix.
Não se alimenta de grãos ou ervas,
mas das lágrimas do incenso e do suco de amônia.

Quando completa cinco séculos de vida,
constrói um ninho no alto de uma grande palmeira,
feito de folhas de canela, do aromático
nardo e da mirra avermelhada.

Ali se acomoda e termina a vida em perfumes.
De suas cinzas, renasce uma pequena fênix,
que viverá outros cinco séculos...

Assim também é a natureza e tudo
o que nela existe e persiste. (...)

Ovídeo, em um trecho de sua obra:
Metamorfoses [pessoas são como música]

Ovídeo mostra a mudança de tudo,
a metamorfose como diz a própria obra.
inconstante, é o que demonstra nossa vida,
e então nos perguntamos os por quês
dessas mudanças; que por vezes queremos
no tempo parar, e não mudar.

Por quê, isso aconteceria agora?

Eu quero...

[?]

... Essa mudança...


"A filosofia é uma estrada isolada numa grande montanha (...)
e quanto mais subimos, mais isolados ficamos.
Quem a percorrere não deve temer,
mas deixar tudo para trás e abrir caminho,
confiante, na neve do inverno. (...)
ele logo vê o mundo lá em baixo,
suas praias e pântanos somem de vista,
seus pontos desiguais se aplainam,
seus sons estrindentes não alcançam mais os ouvidos.
E sua redondeza surge para o caminhante,
que recebe sempre o ar frio e puro da montanha
e desfruta do sol quando tudo lá em baixo
está mergulhado na escuridão da noite."

[Shopenhauer]


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